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Taí, gostei

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Não foi por falta de motivos que o brasileiro deixou a seleção meio de lado. Ele teve – e tem – todas as razões do mundo pra continuar com um pé atrás. Mas são poucos os que realmente torcem contra. Na maioria dos casos, o que ele quer é ver um time que ao menos lembre alguns daqueles que fizeram o futebol daqui um dia ser reconhecido como melhor do mundo. Pode até não ser o melhor time, mas um time bom, que jogue pra frente, à brasileira, tocando bola, driblando, arrancando e, principalmente, mostrando pra gente que tem tesão de estar ali. Se for desse jeito, nem vai precisar ser campeão pra deixar o povo feliz, satisfeito e orgulhoso.

Já disse aqui em nos meus programas na Rádio UOL e na ClicTV, que esse momento da seleção me lembra muito o que viveu a Alemanha antes da Copa de 2006. Pra quem não acompanhou de perto, o time do Klinsmann vinha numa draga desgraçada, apanhando de todo mundo. Dois anos antes do Mundial, foi eliminada da Euro de Portugal na 1a fase com dois empates (1 a 1 com a Holanda e 0 a 0 com a Letônia)  e uma derrota (2 a 1 pra Rep. Tcheca). Um vexame dentro de casa era uma certeza entre os alemães. Porém, sabendo que era preciso dar uma chacoalhada geral, Jürgen passou o cerol nuns carinhas que já não estavam mais com aquela vontade toda, puxou uns moleques lá da U-20 – a seleção sub-20 deles – e conseguiu dar uma bela de uma arrumada na casa. Com isso, reconquistou o apoio do torcedor, que deu de novo a mão pra seleção e fez uma festa incrível durante a Copa.

A Alemanha não venceu aquele Mundial. Ficou em terceiro, superando a seleção portuguesa do Felipão. Era muito mais do que eles imaginavam conseguir até dois anos antes. Além disso, montou uma base, que permanece forte e competitiva até hoje. Teoricamente, chegará aqui com seus principais jogadores no auge de suas formas física e técnica. Teoricamente, porque no campo, como sabemos, o papo é outro. Até no campeonato, hoje, sem dúvida, o mais competitivo, equilibrado e também o de maior sucesso de público da Europa, houve reflexos. De 2006 pra cá, o futebol alemão virou outro. E muito melhor. Dificilmente se assiste a um jogo fraco. Em geral, são disputados num nível alto e sempre com muita velocidade. Os times jogam pra ganhar. Mesmo os pequenos, pelo menos em casa, se lançam pro ataque, deixando as partidas sempre muito interessantes. Tudo isso fez com que o país, inclusive, “roubasse” uma vaga da Itália na Champions League – passou a ter 4, em vez de 3. Em pouco mais de 3 anos, tirou uma diferença grande dos italianos, que seguem o caminho oposto ao dos alemães, no ranking da UEFA.

Guardadas as devidas comparações, é possível que o mesmo aconteça com o Brasil. Os jogos contra China e Iraque, digam o que quiserem, foram patéticos, vergonhosos, mesmo. Não eram adversários, mas sparrings. Estavam ali pra apanhar. De preferência, de muito. E foi desse jeito.  Hoje, não. O Japão pode não ser um time de primeira linha, mas tá longe de ser uma “carne assada”, como os outros dois. Tem jogadores e treinador de ponta. E, por mais que a França há muito não seja nenhum bicho papão, ganhar dela lá na terra do pastis não é qualquer coisa. Nós, por exemplo, não ganhamos. Então, vamos reconhecer que houve, sim, um avanço. Tanto na parte tática, quanto no quesito “tô com vontade de jogar nessa porra”, crescemos.

Gostei muito de ver um meio de campo com dois volantes – Paulinho e Ramires – que saem bem pro jogo, e dois meias de características diferentes, mas que se ajustam perfeitamente na  criação das jogadas. Na frente, Neymar dispensa comentários, e Hulk… bem, talvez essa seja uma das únicas dúvidas que o Mano ainda tem pra fechar o time. A outra é no gol. Mas acho que Diego Alves é cada vez mais dono da vaga.

Acredito que o Mano ainda não esteja 100% convencido de que é bom negócio jogar sem um centro-avante de carreira. Tá claro pra mim que esse é o esquema preferido dele, mas é provável que ainda faça um ou outro teste com Leandro Damião ou mesmo Luiz Fabiano – correndo por fora -, ou Fred – mínimas chances, mas, quem sabe? Resolvido isso, tá armado o time que vai nos representar em 2014. Um time muito bom, diga-se de passagem. E é aí que entra a tal comparação com a Alemanha. Jogando em casa, com camisa, vontade e tendo um time técnico, habilidoso, motivado e bem armado, as chances aumentam muito. Agora, se vai ficar com o título ou não, é outra história. Porém, bastará cumprir um bom papel, mostrar que está sempre fazendo o melhor que pode, que ninguém vai reclamar. É assim que a gente vai recuperar o gosto de torcer pela Seleção e ter vontade de ajudá-la a chegar o mais longe possível. E, se não for pedir demais, que aconteça aqui o que rolou com os germânicos depois de 2006 e passemos a ver um Brasileirão melhor e com estádios muito mais cheios dali pra frente. Da minha parte, isso me deixaria bem mais feliz do que ganhar a Copa.

Abraços,

Tatu

 

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